segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Uma guitarra

Meu filho pediu uma guitarra no aniversário de nove anos. Acho meio cedo para um presente desses, mas pedido de filho único é quase uma ordem. Ele está estudando violão, mas quer mesmo é ser guitarrista. Vamos ver se o entusiasmo dura a ponto de fazê-lo dedicar-se ao aprendizado e aos exercícios necessários para ser um guitar player.

Em que já tive uma banda nunca tive um instrumento de verdade. O baixo que eu tocava na Curare era de um dos integrantes da banda, que me emprestava para os ensaios e apresentações. Nunca estudei música nem instrumento algum; tanto que até hoje desconheço a escala de notas e os acordes de um baixo. Espero que meu filho seja mais persistente do que eu. Como diz Caetano, é muito bom tocar um instrumento.

Como andam as coisas (2)

A sexta-feira passada foi um dia cheio de emoções. Meu filho completou nove anos de idade. A festinha foi simples, mas muito divertida. Ele ganhou a guitarra que pediu e ficou muito feliz com tudo. E não há nada mais gratificante do que a felicidade dos filhos da gente.

Na mesma sexta-feira recebi a avaliação do tratamento dos nódulos e ela não foi nada animadora. O nódulo do pâncreas diminuiu. Mas os do fígado ficaram como estavam e até aumentaram um pouco. Isso quer dizer que o medicamento não surtiu o efeito esperado. Fiquei muito triste e chorei pela segunda vez desde que soube da minha doença.

Agora partimos para outro medicamento. Vou implantar um cateter para isso. Serão mais dois meses de medicação antes da próxima avaliação. Vamos em frente, aproveitando o que cada dia tem a oferecer.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O pior exame

Achei que já tinha enfrentado os piores exames de imagem, como a tomografia com contraste e a cultura de sangue. Mas não. O pior de todos eu fiz ontem, uma ressonância com contraste. Não é nem tanto pelos efeitos do contraste, bem mais significativos na tomografia. Mas pela demora. Foi uma hora dentro daquele tubo, meio amarrado e ouvindo zumbidos de todos os tipos. Mas já passou. Registre-se e esqueça-se.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Lições de uma doença

Quatro meses depois do início do tratamento, algumas coisas começam a ficar mais claras na cabeça da gente. São coisas simples, daquelas que acabam esquecidas em meio às sofisticadas responsabilidades que arranjamos no decorrer da vida, principalmente na esfera profissional.

A primeira é a importância da alimentação. Minha dieta é balanceada e muito cheia de calorias para que eu me sustente e dê conta da anemia e da baixa imunidade trazidas pela quimioterapia. Qualquer desvio dessa dieta de iogurtes, multimistura, granola, ensure e comida saudável (legumes e frutas) acarreta uma perda de energia que se traduz por preguiça e cansaço. Assim, a alimentação é importantíssima para a saúde. Mesmo que todos saibamos disso (a tv mostra quase todo dia os poderes de um determinado alimento) acabamos almoçando lanches ou comidas engorduradas para satisfazer a fome muito mais do que as necessidades de nutrientes que realmente precisamos.

A segunda é a ingestão de água. Essa tem sido uma recomendação quase unânime entre os profissionais da saúde que consultei, da oncologista à nutricionista. Além de ajudar na eliminação de toxinas (e, no meu caso, das drogas da quimioterapia) a água auxilia o trabalho dos rins e, óbvio, hidrata o corpo – eu já fiquei desidratado e tive que tomar soro; logo, isso acontece, sim. Os profissionais recomendam a ingestão de dois litros d’água por dia. Eu não consigo tomar isso tudo, mas, enfim, é o que dizem os doutores.

A terceira é o uso do tempo. Sim, reclamamos muito da falta de tempo para fazer as coisas, tanto no trabalho quanto no lazer. As vezes estamos tão cansados do trabalho que acabamos usando o tempo livre apenas para descansar. Isso já é um bom uso, mas não se usarmos todo o tempo livre só para nos recuperarmos para mais trabalho. É pura falta de organização. Ou, então, é trabalho em excesso, além daquilo que estamos aptos a realizar. Quando o trabalho invade o âmbito da vida privada ou social é porque está em demasia. E isso fará mal à saúde, causando stresss ou coisa pior.