sexta-feira, 16 de abril de 2010

A moqueca possível (ao gosto do Sul)

Vai uma dica de prato para o fim de semana.

A moqueca de peixe é famosa no Espírito Santo. Estive lá e provei uma, mas sem azeite de dendê e sem leite de coco; quer dizer, não foi a moqueca capixaba típica. Outro dia inventei de fazer uma aqui em casa e adaptei o prato ao que tinha em casa e ao gosto de quem não está acostumado com os temperos do Nordeste.

Usei filés de cação, um peixe barato e bom para moqueca porque vem em “fatias” grossas e não tem nenhum espinho. Temperei o peixe com sal e um pouco de pimenta. Para acompanhar o peixe usei batata, cebola e tomate (sem casca), tudo cortado em fatias. Na moqueca original, vai pimentão, mas eu não tinha. Em vez de azeite de dendê (que não tinha e é meio forte), usei azeite de oliva.

Numa panela tipo caçarola, pus um pouco do azeite. Fiz a primeira camada de batatas, depois a cebola, o tomate e o peixe. Sobre o peixe, mais uma camada de cebola e outra de tomate. Mais um pouco de azeite de oliva por cima, um pouquinho de sal mais e aí é deixar ferver e subir o caldo, com a panela fechada.

O leite de coco estava vencido no armário; portanto, não usei. Depois de pronta a moqueca, desliguei o fogo, pus uma caixinha de creme de leite e mexi com cuidado para não desmanchar tudo. Ficou muito bom e rendeu umas cinco ou seis porções.

Na próxima vez, registro com fotos, ok?

Particularidades

Ganhei de presente da autora, li e gostei de várias coisas. Destaco alguns versos do livro da Nane Pereira para compartilhar.

“Estou tão acostumada...
Com minha loucura, com meus medos,
minha insônia, minha agonia,
minha desenvoltura, que não sei
se quero mudar...”

“ai de mim
que acredito no que digo
e faço de conta que escrevo”

“Hoje
quero apenas sentir o vento”

“Digam à morte, meninos de asas negras,
que me aguarde mais um pouco
e beberemos juntos
o melhor dos vinhos”

“Vista-se de amor, dance com o vento
e borboletas de alegria te acompanharão”

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O poder de fazer o bem

Desde que fui a Porto Alegre, tenho me sentido acarinhado como há muito não me sentia. Lá, minha avó e minhas tias, além de outros parentes que encontrei, me fizeram lembrar como é importante a vivência em família, uma família expandida para além de esposa e filhos. É um lugar em que a gente se sente querido e seguro.

De volta a Blumenau, recebi cumprimentos e felicitações do pessoal da academia Master por ter retornado aos treinos. Agora os carinhos vieram de pessoas que são apenas conhecidas, mas foram tão importantes quanto os familiares.

É isso, as pessoas têm o dom de fazer o bem às outras. Com atitudes simples e capacidade para o desprendimento e a empatia, têm o poder de proporcionar a felicidade em torno de si. E o exercício desse poder é o caminho para a compaixão, a solidariedade e o amor.

Obrigado, pessoas do bem. Vocês salvaram minha vida.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

As cores da sedução

As tais pulseirinhas coloridas de silicone que indicam a disposição sensual de adolescentes viraram polêmica depois que uma jovem foi estuprada por três homens, em Londrina. Antes já vinham desafiando moralistas de plantão, mas com o estupro, virou tema da esfera do poder público. Em Navegantes (SC), as “pulseiras do sexo” foram proibidas por lei em escolas da rede municipal de ensino. E aí vem a polêmica, que, aliás, foi parar no Fantástico: quem deve proibir o uso das pulseiras, o Estado ou a família? Antes de responder essa pergunta, seguem algumas considerações sobre essa delicada questão.

Apesar de parecer avançado, o método de sedução das pulseirinhas é conservador e machista. Não vi em nenhuma matéria um menino usando as tais pulseiras, só meninas. Isso indica que, nesse jogo, as mulheres é que tem que estar à disposição para que os meninos rebentem as pulseiras e ganhem seu prêmio. Por outro lado, isso pode ser considerado um avanço na liberação sexual das mulheres que agora podem usar outros indicativos de sua disposição para a sedução além das roupas sensuais. Aí já teríamos um comportamento avançado e feminista.

Mas as pulseiras coloridas são apenas mais um jogo que os jovens inventaram para se divertir. É sintomática a declaração de uma adolescente em reportagem do Fantástico. Ela disse que o fato de usar as tais pulseiras não significa que esteja disposta a fazer sexo com alguém. Pode parecer contraditório, mas é como os adolescentes entendem essa brincadeira. Quem interpretou literalmente as pulseiras como uma sinalização para o sexo foram os adultos assustados com o comportamento dos filhos e os estupradores da jovem londrinense – estes últimos criminosos a espera de uma ocasião para exercer suas taras.

As pulseiras servem como uma forma de expressão de jovens que começam a descobrir a sexualidade e o poder da sedução. E como tal, não devem ser interpretadas como disposição imediata para o sexo por uma sociedade adulta ainda fortemente conservadora e preconceituosa. São só um indicativo dessa disposição, que deve ser considerada para todos os adolescentes, independente de gênero.

Assim, apesar de combalida, é a família que deve administrar o comportamento dos jovens. Mas só se for capaz de entender as motivações da gurizada e, a partir daí, trocar uma idéia, indicando os perigos de determinados comportamentos na realidade violenta e desumana em que vivemos em grande parte das cidades. Deixar para o Estado essa orientação é fugir da responsabilidade de pais e alimentar uma estrutura viva que pode se transformar em um monstro quando define como e quando as pessoas podem ou não agir e pensar de determinada maneira.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O albatroz azul

Este é o título do mais recente livro de João Ubaldo Ribeiro, escritor de fino humor e sensibilidade. A história situa-se na ilha de Itaparica e se desenvolve em torno de dois fatos: um menino que nasce de cu p'ra lua e um velho que se prepara para morrer.

O livro discute as sabedorias que se vão adquirindo com a vida. o fazendeiro convidado para ser padrinho do bebê sortudo afirma que nada no mundo ocorre sem que alguém leve vantagem. O vidente amigo do velho pressente uma vida a mais junto do rrecém-nascido. Já o velho Tertuliano ajusta contas com o passado familiar e, em conversa com uma mulher, regada com cerveja, descobre a quem pertence a vida extra descoberta pelo amigo sortílego.

Como todo bom livro, este faz pensar na vida e na morte amplamente, considerando a existência no geral, acúmulo de conhecimentos que se adquirem no decorrer da vida.

Hoje em dia, quando grande parte das nossas experiências de vida vêm da televisão e da publicidade, prontas e acabadas, um livro como esse é um oásis no deserto da falta de sentido existencial.

O albatroz azul? Bem, ele não existe até que apareça algum na sua frente, vaticina João Ubaldo.