No momento em que o Recurso Extraordinário número 511961, que questiona a necessidade de diploma de curso superior específico para o exercício do jornalismo, entra na pauta do Supremo Tribunal Superior, é importante que consideremos uma série de razões que justificam o título deste comentário.
Em primeiro lugar, ao longo de mais de 200 anos de história, o jornalismo deixou de ser uma atividade restrita a grupos com interesses políticos comuns e passou a ser um bem público. As notícias hoje têm um caráter duplo: são mercadorias e informações de interesse público. A primeira característica garante que sejam trocadas por espaços publicitários, que sustentam os veículos de comunicação. A segunda indica que as informações publicadas devem ser úteis para que os consumidores compreendam o mundo em que vivem e sejam capazes de agir em igualdade de condições na consolidação da democracia e na promoção da cidadania.
Em segundo lugar, o compromisso do jornalismo atual com a democracia e a cidadania exige um profissional que incorpore esses princípios na sua atividade diária. O jornalista deve respeitar as fontes, a hierarquia das redações e os princípios éticos da atividade. Mas deve ser comprometido principalmente com a qualidade da informação que recolhe, elabora e divulga. É nisso que consiste basicamente a técnica e a ética jornalísticas. Ouvir os vários envolvidos, presumir a inocência, evitar a invasão da privacidade e vigiar os poderes constituídos são tarefas do bom jornalista.
Finalmente, os obstáculos ao exercício da profissão também mudaram na história do jornalismo. O ritmo do trabalho tem se acelerado consideravelmente, graças principalmente à evolução tecnológica.. A pressão política e econômica se sofisticou com a incorporação de assessorias de imprensa que contribuem para transformar comunicados interessados em notícias.
Não há mais o jornalismo romântico, aquele que era aprendido na prática graças ao talento e à dedicação quase sacerdotal de boêmios escritores, do qual nos fala Gabriel Garcia Marquez. O jornalismo virou profissão, regulamentada no Brasil desde 1969. Como profissão, tem seu corpo teórico, sua ética, suas técnicas e seus princípios sociais. Tudo isso é aprendido e discutido nas escolas de Comunicação Social. Nelas, busca-se a formação de um jornalista capaz de entender a sociedade em que atua e evitar as pressões diversas que ameaçam a atividade. Um jornalista engajado na promoção do bem-comum e não nos benefícios de uns poucos.
2 comentários:
Festa da uva: aula de graça!
Parabéns Professor! O artigo ficou bom, e pelo menos o Santa publicou! Amanhã vou reproduzir ele no meu blog! Abraços
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