sábado, 25 de setembro de 2010

Enquanto isso, na vitrola...

A dica da semana, quinzena, mês (sei lá qual a periodicidade desse blog) é Rod Stwart. Sim, o velho e bom inglês de voz rouca e especialista em baladas, que ficou conhecido principalmente pela gospel Sailing.

São dois discos, que descobri nos “1001 discos para escutar antes de morrer”: Gasoline Alley, de 1970, e Every Picture tells a story, de 1971. Os discos são bem parecidos, acabei gravando uma seleção dos dois. Baladas, pontuadas por violinos e alguns rocks mais rapidinhos, mas tudo com arranjos suaves, sem muito volume nos instrumentos.

Das 17 músicas dos discos, só conhecia Maggie May. Tive um LP do Stwart, Atlantic Crossing, mais atual, que tem Sailing e I don’t wanna talk about it. Mas confesso que esses discos mais antigos são melhores. Boa trilha sonora para passeios, acampamentos e conversas entre aficcionados do bom rock.

O que se passa na cabeça de um médico perito?

- Então, como está o teu caso?
- Olha, doutor, de novidade, uma dor aqui do lado e, às vezes, nas costas. Continuo com o tratamento de quimioterapia. Tenho aqui alguns exames que comprovam tudo o que ocorreu até agora.
- Deixe-me vê-los.
- Está faltando um testado da médica que minha mulher vai trazer daqui a pouco. É preciso, né?
- Depende. Pode ser que eu chegue às minhas conclusões apenas com os exames. Deixe-me examiná-lo.
(Seguem exames de apalpação. Chega minha mulher com o atestado, depois de ter ligado no celular em plena consulta.)

- Aqui está o atestado, doutor.
- Deixe-me ver. Bem, você deve saber que uma perícia não é um exame. Somos médicos que temos que entender muito sobre legislação também.
(Ele começa a teclar no computador. Não resisto a uma pergunta.)

- Doutor, qual a possibilidade de uma aposentadoria no meu caso?
- Bem, veja, vou lhe dar mais dois anos de licença. Acho que ainda há chances de melhora. Apesar de concordar com o que diz a médica no atestado.
- (Melhora para uma doença incurável e fatal? O senhor também é padre? Ou espera que eu morra sem onerar a Previdência? E a segurança financeira da minha família? E a minha aposentadoria complementar?)
- No papel que vais receber não está o tempo da licença. É necessária a assinatura de outro médico perito para confirmar. Vais receber esse aviso pelo correio.
- Obrigado, doutor.

(Os peritos estavam em greve e foram obrigados a voltar aos atendimentos pela justiça. O perito que me atendeu é ex-pediatra e se tornou uma pessoa amarga, segundo outro médico amigo meu. O atestado da médica dizia que eu estava definitivamente impossibilitado para o trabalho.)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mais um post de variedades

Passeio pelo meio-oeste catarinense

O compromisso principal era o casamento de uma ex-colega de faculdade da minha mulher, em Caçador. Antes, passamos por Ouro, onde ficamos na casa de amigos, e Piratuba, com suas piscinas de águas termais e “pessoas de idade” como observou meu filho. Levamos até cachorro para o hotel. Muitas cidadezinhas pequenas e curvas nas estradas. Lugares agradáveis e pessoas divertidas. Belo passeio numa região que começa a se estruturar turisticamente em torno das águas quentes.

As fotos aí acima são de sombra e água quente em Piratuba, estátua do Frei Bruno em Joaçaba e o lugar preferido da Fofa no hotel em Caçador.

Leitura da semana

Comecei a ler Deixe o grande mundo girar, de Colum McCann. Logo no início do livro, trechos como esses:
“Sem dúvida era a forma humana que os segurava ali [um homem na beira do terraço de um arranha-céu], pescoços esticados, dilacerados entre a promessa do destino e o desapontamento do ordinário”
“Ao redor dos observadores, a cidade ainda fazia seus barulhos cotidianos. Buzinas de carros. Caminhões de lixo. Apitos de barcas. O zumbido do metrô.(...) Uma embalagem de chocolate jogada fora bateu em um hidrante. (...) O couro das pastas roçava nas pernas das calças. (...) Portas giratórias empurravam conversas entrecortadas para a rua.”
McCann nasceu em Dublin, em 1965, escreveu cinco romances e tem a obra traduzida para 30 línguas. Mora em Nova York com esposa e filhos.
A leitura promete ser das mais agradáveis.

Pensamentos à toa

Meus orientandos andam quietos demais. O que será que está acontecendo?

Seis dias sem jornais ou televisão. Não fizeram falta nenhuma. Até porque no feriado só pinta notícia fria e inventada. Hoje, li que as obras na sete de setembro, em Blumenau, pararam no feriado por falta de material. Recomeçam amanhã quando a cidade e o trânsito voltam ao normal. Não acreditei nessa história.

Enquanto isso, na vitrola...

Você que é mais jovem, geração dos 80 para cá, pode não acreditar. Mas eu comecei a escutar discos (sim, de vinil e alguns de 45 rpm) num aparelho semelhante a esse da foto: uma vitrola. Ficava na sala da casa dos meus pais e funcionava. O modelo era um pouco diferente desse aí. Tinha uma roda no meio que abria as duas portas. Na direita, ficava o toca discos e o rádio; na esquerda, o lugar para guardar os discos.
Lá pelos meus dez anos, acho, comecei a escutar os discos que minha mãe tinha: Nat King Cole, Liberace (ao piano), Agostinho dos Santos e outros que não lembro. Só lá pelos 12 anos comecei a comprar meus próprios discos. O primeiro foi uma coletânea dos Beatles. O segundo, a trilha sonora da novela Estúpido Cupido (1976/77), da Globo, que mostrava o mundo dos jovens dos anos 60. Aí eu já tinha um toca discos Phillips.

domingo, 29 de agosto de 2010

Semanada 24/8 a 04/9

Domingo no parque


Fui levar as crianças no parque Ramiro Ruediger neste domingo. É o único espaço digno de ser chamado assim em Blumenau. A tarde de sol fraco levou muitas pessoas ao parque. Mas mesmo compartilhando o mesmo espaço, percebia-se uma variedade de interesses entre os indivíduos ou grupos lá presentes. Tribos variadas com as dos ciclistas, dos skatistas, dos corredores, dos caminhadores, dos que tocam violão e fumam narguilé, dos que só tocam violão, dos que levam os bebês para brincar, dos que treinam brake, dos maconheiros, dos que tomam chope no bar, dos que só querem ver e serem vistos, dos que namoram estavam lá presentes. E havia eu, que fui levar as crianças, andar de bicicleta, observar os outros e tirar algumas fotos.


Culinária

Paleta de cordeiro ao vinho. Fiz no domingo. Pegue uma paleta e deixe marinando durante a noite em um saco para assar fechado. Os temperos usados foram sal fino, ervas finas, pimenta moída e meio cálice de vinho tinto. No dia seguinte, tire o saco e o excesso de vinho. Acrescente mais um pouco de sal e leve ao forno (usei o elétrico) por uma hora e meia a 300 graus. Sirva com arroz, farofa e uma sala de maionese. Um bom suco (natural) de manga ou abacaxi é dica de bebida. Mas um bom vinho sempre cai bem.


Cardápio político

Esta semana a expectativa é pelo escândalo requentado que a campanha do PSDB vai apresentar contra a candidatura de Dilma. Mas pode ser que inventem um novo “prato” e sirvam para a faminta grande imprensa.


Recomendo

A leitura da coluna do Dimenstein deste domingo na Folha Tiririca e os idiotas. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2908201028.htm


Leitura da semana

Estou terminando de ler Nunca fui primeira dama, da cubana Wendy Guerra. Encontrei a referência lendo sobre uma das mesas de escritores da Flip 2010 e imediatamente comprei o livro. É uma visão feminina de Cuba escrita através de resgate de diários, cartas e anotações. Apesar de residir em Cuba, a autora tem uma visão crítica da revolução de Fidel e suas conseqüências. Além disso, é uma bela mulher, que já tirou fotos nua.



Pensamento à toa

As calças de ginástica leggings escuras escondem mais do que mostram do corpo das mulheres. As brancas, em compensação, mostram tudo. Já as coloridas confundem um pouco as formas anatômicas com os desenhos.

Enquanto isso, na vitrola...

O Led Zeppelin não é novidade para nenhum roqueiro de última hora. Mas há tanta coisa sobre o grupo que, às vezes, um neoroqueiro pode se sentir perdido. Por isso recomendo a audição do Led Zeppelin II. Lançado em 1969, é o disco de melhor “pique” do Led. Menos psicodélico que o primeiro e mais rápido do que o terceiro, Led II é para ser escutado várias vezes por inteiro. Estão lá clássicos como Whole lotta Love e Thank you. Destaque para o blues The lemon song, cheio de variações e sustentado pelo baixo de John Paul Jones.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Agosto

Este mês tem suas lendas, seus frios, suas temeridades e meu aniversário. Mas o de 2010 veio com tudo. Muitas conseqüências vão sair durante o seu decorrer além da marca de mais um ano de vida. Casei dia 10. Fiz aniversário dia 14. Fui ao encontro do frio mais intenso que já senti, no Morro da Igreja, em Urubici - e olha que sou de Livramento, lugar muito frio no inverno. Tenho perícia marcada para o dia 18. Quero trocar de carro. Comecei a orientar cinco monografias.

Mês bem movimentado, mas que proporcionou bons momentos. O casamento foi divertido - já vivemos juntos mhá 17 anos, eu e minha mulher. Valeu pelo jantar com amigos e alguns presentinhos. No aniversário fui para Urubici e Lages, sentir o gosto, o cheiro e o contato do inverno. Não vi neve. Mas percebi que pinhão tem um gosto de inverno, misturado com o calor do fogão a lenha e o conforto da reunião em família.

Andar a cavalo me trouxe de volta a infância, quando freqüentava a estância de minha avó, passeando com a família, percorrendo matos que escondiam cemitérios antigos e deteriorados, que atiçavam a imaginação da gente. Meu filho adorou o passeio.

E estamos só na metade do mês do cachorro louco.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Favoritos

Na falta de idéias próprias para postagens no blog, recorro às alheias escritas nos favoritos aí ao lado.

Cícero Nogueira (sim, nós podemos) traz uma breve resenha do livro O Livreiro de Cabul, recomendando a leitura para os interessados em jornalismo literário.

O pessoal do Análise em Foco está na serra catarinense buscando material sobre a produção de vinhos e espumantes. Mas o link está quebrado.

Szabatura traz mais um texto provocante, desta vez sobre a pobreza da vida virtual.

Michelle Junia traz texto sobre a luta contra a falta de água na China.

Fábio Ricardo anda preguiçoso nas atualizações do blog. Mas também faz mil e uma coisas ao mesmo tempo... São dele, aliás, os últimos dois posts do Guia do Gastrossexual Blumenauense. Mas ambos do mês passado.

Marina Melz (Invisível Particular) traz reflexões sobre livros, gatos e relacionamentos nos últimos posts. Ótimos textos.

O Dr. Rogério (M0nitorando) traz sempre informações sobre estudos em Comunicação e Jornalismo. Parabéns, companheiro, pelo prêmio Luiz Beltrão, de liderança emergente na área científica.

Sabrina Frâncio (Mundo de Sabrina) conta seu aprendizado no enfrentamento de um câncer. Força, companheira. A vida é bela.

Beio Cardoso parou com seu Prá lá de 30 em abril. Perdeu o fôlego com o jiu-jitsu, parceiro?

Diego Lara continua com seus delírios provindos de uma incessante produção de vídeos. O próximo SC em Cena (na RBS TV) é sobre o imaginário popular de Lages.

Karina Frainer (Sonho X Realidade) está com receio de amar. Textos sobre o amadurecimento de uma mulher. Mas em TPA internet informa sobre o mundo da comunicação regional. Uma entrevista com Francielle Furtado e comentários sobre o quadro Chutando o Balde, da Ric Record.

Boa leitura!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Foucaultiano (criatividade, esperança e amor)

Há pouco conversei com meu irmão pelo MSN. Ele se queixava que numa cidade média “parece que ela te coloca em uma engrenagem, já pronta, sem que te dês conta...”. Respondi que isso é assim mesmo e até ajuda, já que não precisamos ficar reinventando a roda a todo momento. As instituições facilitam a vida em sociedade. São fruto de um consenso, têm suas regras próprias e oferecem oportunidade de atuação profissional. As instituições também têm sua dinâmica própria e vão mudando com o tempo, se bem que lentamente.

A queixa do meu irmão se referia à institucionalização da vida pessoal. Essa sim é indesejável. A vida pessoal ocorre justamente nas brechas deixadas pelas instituições, não é consensual e tem uma dinâmica mais ágil. É nesse campo que ocorrem as tendências comportamentais que exigem mudanças nas instituições. Se houver um engessamento da vida pessoal, a sociedade tende à estagnação. E veja que não estou falando em vida pessoal individual. É possível e até desejável compartilhar a vida pessoal até o limite da institucionalização. Depois disso, ela tende a desacelerar sua dinâmica criativa.

Outro dia, assisti a uma palestra sobre a reforma anti-manicomial. O palestrante falava que estava ocorrendo uma nova institucionalização no tratamento da doença mental nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Nova porque substituía a dos manicômios. E isso não era bom. Era preciso desinstitucionalizar os Caps. Concordei no diagnóstico, mas não na terapêutica. É muito mais fácil criar novas alternativas do que desinstitucionalizar uma instituição. Além disso, é mais desafiador, mais vivo, mais alegre.

Já há toda uma tradição do pensamento sociológico a respeito desse tema, do mundo da vida de Habermas ao cuidado de si de Foucault, só para citar dois pensadores que conheço. O anarquismo, aquela maneira de viver totalmente contrária à institucionalização (pelo menos até onde foi vivido na prática) também é uma corrente de pensamento centrada na vida pessoal. Mas já não temos aquela pretensão revolucionária, solução radical contra as instituições, que visava destruí-las e construir novas.

Isso porque na nossa realidade social atual tendemos a uma certo cinismo diante das instituições. Aceitamo-las como mais uma invenção a favor do nosso conforto. E agimos pessoalmente independente delas. A instituição é como o controle remoto e a vida pessoal é o nosso zapping. Depois de um longo período, aprendemos a usar a tecnologia em favor da vida pessoal e não tanto da institucionalização do comportamento. Daí, ser uma bobagem afirmar que twitter não é MSN. O twitter é o que queremos que seja e a maneira como o usamos. O resto é institucionalização.

Então, calma irmão. Aja nas instituições como um profissional e ganhe seus recursos desse trabalho. Com eles, viva a sua vida pessoal com criatividade, esperança e amor.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Intercom Sul: viagem pela pesquisa

Na tarde do primeiro dia acabei assistindo a seis apresentações da Divisão Temática em Jornalismo. Foi uma enxurrada de conceitos sociológicos, linguísticos e antropológicos para a análise do Jornalismo e suas funções sociais, culturais e individuais. reforcei minha impressão de que a pesquisa é meio arte, meio lógica, com um acento de preferências e competências pessoais. Daí o risco de desencontros metodológicos e analíticos sobre o objeto pesquisado - sai demim, jargão acadêmico, libera meu texto!

Bueno, algumas coisas me botaram para pensar durante aqs apresentações, todas elas resultados de trabalhos de mestrado ou doutorado. conceitualmente predominou a nálise de discurso da escola francesa.

Natália, do mestrado da UFSM, botou-me uma pulga atrás da orelha ao categorizar " informações úteis para a vida do leitor". Essa é uma questão importante para o jornalismo, mas só quem pode respondê-la são os leitores.

Gisele, também do mestrado da UFSM, refletiu sobre a didaticidade das revistas de "bem viver", como a Vida Simples, da Abri. Trabalho interessante pelo veículo escolhido, e revista, e seu público.

Aline, do doutorado da unisinos, trouxe Bourdieu e seu conceito de campo para analisar os encontros e desencontros entre o jornalismo oderno e o conteúdo de uma revista religiosa.

Flávia, do mestrado da UFSC, tratou a notícia como "a produção de sentido e entendimento do mundo" e levou o Jornalismo para o mundo do imaginário.

O último que assisti foi o trabalho do Eduardo, do mestrado da PUCRS, que tratou da polêmica e aparentemente insolúvel questão escritor X jornalista. Sinceramente, acho que já há muito a fazer na área do Jornalismo. Se ainda quiser ser escritor, o problema será seu.

Voltei ao hotel com a cabeça fervilhando de conceitos, dúvidas e idéias.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Intercom Sul: notícias de Novo Hamburgo

Acabo de sair da conferência de abertura do Interciom Sul, realizado na Feevale (foto abaixo), Novo Hamburgo-RS. Saí na metade porque o segundo palestrante, da MTV RS, pôs para rodar um vídeo de dois minutos e outro de 30. Esse pessoal de TV tem mania de vídeos. É só ver como as palestras de repórteres televisivos consagrados têm a maior parte do tempo ocupado com matérias feitas pelos caras. Ora, quem vai assistir a uma palestra quer é ouvir o que o cara tem para dizer e não ver matérias antigas. E não precisava ser assim.

A primeira palestrante, Raquel Recuero (a esquerda na foto abaixo), sustentou 30 minutos de palestra sobre sites de redes sociais só no gogó e com alguns poucos slides. E foi muito bom. Para ela, sites de redes sociais não são as redes propriamente ditas, mas os que publicizam essas redes. Exenplos: Facebook, Orkut e Twitter. caracterizou a vida em rede como hipermidiática, pública e coletiva, num ambiente de "imperativo da visibilidade" (Lemos).

Palestra instigante, engraçada e totalmente sintoizada com a estudantada que era maioria no auditório. Pena que nem a estudantada e nem eu aguentamos os tais bídeos da MTV.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Como andam as coisas...

Andam bem. Ainda tenho mais duas aplicações de quimioterapia para fazer. O exame PET CT detectou apenas um tumor ativo, o que é muito bom, levando em conta que são vários no fígado. Os demais estão estacionários (o que é isso?). Depois das duas aplicações, novo exame e a torcida para receber uma folga dos venenos. Vou a São Paulo consultar um centro especializado lá por junho.

No mais, estou com meu peso anterior ao tratamento e retornei à academia de musculação. Disposição boa. Fé e bola p’ra frente.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A moqueca possível (ao gosto do Sul)

Vai uma dica de prato para o fim de semana.

A moqueca de peixe é famosa no Espírito Santo. Estive lá e provei uma, mas sem azeite de dendê e sem leite de coco; quer dizer, não foi a moqueca capixaba típica. Outro dia inventei de fazer uma aqui em casa e adaptei o prato ao que tinha em casa e ao gosto de quem não está acostumado com os temperos do Nordeste.

Usei filés de cação, um peixe barato e bom para moqueca porque vem em “fatias” grossas e não tem nenhum espinho. Temperei o peixe com sal e um pouco de pimenta. Para acompanhar o peixe usei batata, cebola e tomate (sem casca), tudo cortado em fatias. Na moqueca original, vai pimentão, mas eu não tinha. Em vez de azeite de dendê (que não tinha e é meio forte), usei azeite de oliva.

Numa panela tipo caçarola, pus um pouco do azeite. Fiz a primeira camada de batatas, depois a cebola, o tomate e o peixe. Sobre o peixe, mais uma camada de cebola e outra de tomate. Mais um pouco de azeite de oliva por cima, um pouquinho de sal mais e aí é deixar ferver e subir o caldo, com a panela fechada.

O leite de coco estava vencido no armário; portanto, não usei. Depois de pronta a moqueca, desliguei o fogo, pus uma caixinha de creme de leite e mexi com cuidado para não desmanchar tudo. Ficou muito bom e rendeu umas cinco ou seis porções.

Na próxima vez, registro com fotos, ok?

Particularidades

Ganhei de presente da autora, li e gostei de várias coisas. Destaco alguns versos do livro da Nane Pereira para compartilhar.

“Estou tão acostumada...
Com minha loucura, com meus medos,
minha insônia, minha agonia,
minha desenvoltura, que não sei
se quero mudar...”

“ai de mim
que acredito no que digo
e faço de conta que escrevo”

“Hoje
quero apenas sentir o vento”

“Digam à morte, meninos de asas negras,
que me aguarde mais um pouco
e beberemos juntos
o melhor dos vinhos”

“Vista-se de amor, dance com o vento
e borboletas de alegria te acompanharão”

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O poder de fazer o bem

Desde que fui a Porto Alegre, tenho me sentido acarinhado como há muito não me sentia. Lá, minha avó e minhas tias, além de outros parentes que encontrei, me fizeram lembrar como é importante a vivência em família, uma família expandida para além de esposa e filhos. É um lugar em que a gente se sente querido e seguro.

De volta a Blumenau, recebi cumprimentos e felicitações do pessoal da academia Master por ter retornado aos treinos. Agora os carinhos vieram de pessoas que são apenas conhecidas, mas foram tão importantes quanto os familiares.

É isso, as pessoas têm o dom de fazer o bem às outras. Com atitudes simples e capacidade para o desprendimento e a empatia, têm o poder de proporcionar a felicidade em torno de si. E o exercício desse poder é o caminho para a compaixão, a solidariedade e o amor.

Obrigado, pessoas do bem. Vocês salvaram minha vida.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

As cores da sedução

As tais pulseirinhas coloridas de silicone que indicam a disposição sensual de adolescentes viraram polêmica depois que uma jovem foi estuprada por três homens, em Londrina. Antes já vinham desafiando moralistas de plantão, mas com o estupro, virou tema da esfera do poder público. Em Navegantes (SC), as “pulseiras do sexo” foram proibidas por lei em escolas da rede municipal de ensino. E aí vem a polêmica, que, aliás, foi parar no Fantástico: quem deve proibir o uso das pulseiras, o Estado ou a família? Antes de responder essa pergunta, seguem algumas considerações sobre essa delicada questão.

Apesar de parecer avançado, o método de sedução das pulseirinhas é conservador e machista. Não vi em nenhuma matéria um menino usando as tais pulseiras, só meninas. Isso indica que, nesse jogo, as mulheres é que tem que estar à disposição para que os meninos rebentem as pulseiras e ganhem seu prêmio. Por outro lado, isso pode ser considerado um avanço na liberação sexual das mulheres que agora podem usar outros indicativos de sua disposição para a sedução além das roupas sensuais. Aí já teríamos um comportamento avançado e feminista.

Mas as pulseiras coloridas são apenas mais um jogo que os jovens inventaram para se divertir. É sintomática a declaração de uma adolescente em reportagem do Fantástico. Ela disse que o fato de usar as tais pulseiras não significa que esteja disposta a fazer sexo com alguém. Pode parecer contraditório, mas é como os adolescentes entendem essa brincadeira. Quem interpretou literalmente as pulseiras como uma sinalização para o sexo foram os adultos assustados com o comportamento dos filhos e os estupradores da jovem londrinense – estes últimos criminosos a espera de uma ocasião para exercer suas taras.

As pulseiras servem como uma forma de expressão de jovens que começam a descobrir a sexualidade e o poder da sedução. E como tal, não devem ser interpretadas como disposição imediata para o sexo por uma sociedade adulta ainda fortemente conservadora e preconceituosa. São só um indicativo dessa disposição, que deve ser considerada para todos os adolescentes, independente de gênero.

Assim, apesar de combalida, é a família que deve administrar o comportamento dos jovens. Mas só se for capaz de entender as motivações da gurizada e, a partir daí, trocar uma idéia, indicando os perigos de determinados comportamentos na realidade violenta e desumana em que vivemos em grande parte das cidades. Deixar para o Estado essa orientação é fugir da responsabilidade de pais e alimentar uma estrutura viva que pode se transformar em um monstro quando define como e quando as pessoas podem ou não agir e pensar de determinada maneira.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O albatroz azul

Este é o título do mais recente livro de João Ubaldo Ribeiro, escritor de fino humor e sensibilidade. A história situa-se na ilha de Itaparica e se desenvolve em torno de dois fatos: um menino que nasce de cu p'ra lua e um velho que se prepara para morrer.

O livro discute as sabedorias que se vão adquirindo com a vida. o fazendeiro convidado para ser padrinho do bebê sortudo afirma que nada no mundo ocorre sem que alguém leve vantagem. O vidente amigo do velho pressente uma vida a mais junto do rrecém-nascido. Já o velho Tertuliano ajusta contas com o passado familiar e, em conversa com uma mulher, regada com cerveja, descobre a quem pertence a vida extra descoberta pelo amigo sortílego.

Como todo bom livro, este faz pensar na vida e na morte amplamente, considerando a existência no geral, acúmulo de conhecimentos que se adquirem no decorrer da vida.

Hoje em dia, quando grande parte das nossas experiências de vida vêm da televisão e da publicidade, prontas e acabadas, um livro como esse é um oásis no deserto da falta de sentido existencial.

O albatroz azul? Bem, ele não existe até que apareça algum na sua frente, vaticina João Ubaldo.

terça-feira, 30 de março de 2010

Idade

Por falta de óculos não postei o texto O albatroz azul. Esqueci as lentes na casa da sogra. Amanhã, com a luz do dia, talvez eu consiga copiar do papel para o blog. Depois dos 40, a coisa se complica...

sábado, 20 de março de 2010

A garrafa de champagne e as abobrinhas

São muitas as possibilidades de fanatismo hoje em dia. Afinal, ninguém sabe direito o que é nem em que acredita. As ofertas de estilos e comportamentos são infinitas e se renovam a cada seis meses. Um dia você acorda mais punk, noutro mais emo e vai tocando a vida nesse limbo de personalidade, variando apenas a roupa que veste.

A tribo dos aficionados em vinho é uma dessas possibilidades, para quem tem um pouco mais de recursos financeiros. É dessa galera que veio uma notícia que chamou a atenção pela falta de interesse e até de sentido: “Garrafa mais leve de Champagne será regra em dois anos”. Fui ao link depois de dois dias lendo a chamada; afinal, a garrafa de champagne é meio pesada mesmo – soube que pesam 900 gramas.

Daí que a redução esperada para dois anos é de 65 gramas, ou 7,2%. “Muitos viticultores têm pedido a nova garrafa”, diz um representante do Comitê Interprofissional do Vinho de Champagne (CIVC). Mas o uso não será obrigatório.

Então. Será que isso facilitará a vida dos garçons que servem o champagne nos restaurantes, evitando, por exemplo, problemas de LER? Teremos mais acidentes com garrafas estouradas em comemorações mais efusivas? Vamos esperar os dois anos para ver. Enquanto isso, escolha sua roupa e ensaie atitudes adequadas a ela antes de sair para a rua neste sábado. Aproveite a notícia para encher seu saco de abobrinhas a serem distribuídas nessas conversas sem sentido.

domingo, 14 de março de 2010

Do jornal

No Estadão de domingo, reformulado graficamente, notícias a serem comentadas:

Iemen se torna nova base de atuação da Al-Qaeda – perdida no meio da matéria, uma informação que pode explicar como isso é possível sem a ação do Império do Bem (EUA e aliados interesseiros): as reservas de petróleo deste que é o país mais pobre das arábias estão se esgotando;

Pirarucu em extinção na Amazônia? – uma matéria indica que sim, caso continue a pesca industrial. Esta não respeita nem o período de defeso, segundo a reportagem. O caso mais grave é entre o Amazonas e Roraima, onde se estuda a criação de uma reserva. Se continuar assim, perde sentido a antiga piada do Juca Chaves: - Pirarucu?, pergunta a cliente ao garçom que serve o peixe. – Tiraram, sim senhora, responde o moço.

Ativista chinesa lança novo livro sobre a condição feminina sob a lei do filho único - segundo a escritora e pesquisadora Xinran Xue, meninas são vendidas por preços que variam de U$ 200 a U$ 2000. Já os meninos valem entre U$ 20 mil e U$ 50 mil. O livro As filas sem nome deve ser lançado neste semestre pela Companhia das Letras.

Eike Batista é o oitavo homem mais rico do mundo, segundo a Forbes. A fortuna do cara é de U$ 27 bilhões.

Lula está em Israel onde vai se oferecer de novo para mediar o conflito entre israelenses e palestinos. Canja de galinha e pretensão podem fazer mal, sim. O cara quer conquistar o mundo.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Sonhorrealidade

Minha tia, em Porto Alegre, me chama pela manhã; já estou atrasado. Pego um ônibus, com meu filho e minha mulher, para ir à praia de Trancoso. Na aula, explico para os alunos os objetivos do trabalho de campo em Jornalismo Comunitário. Enquanto isso, penso que devo escrever um texto novo para o blog – slow blogging é uma tendência que vou adotar. Mas antes tenho que conversar com amigos de adolescência, em Livramento.

A cadela me olha pedindo para passear. Tenho que passar protetor solar. O feijão está no fogo. Café, remédios, viagem no tempo e no espaço. Você é minha aluna ou ex-namorada? À noite, caminho no parque da fronteira com uma camiseta rasgada nas mangas. A polícia está à espreita. Alô? Está tudo bem, mãe, me sinto ótimo.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A morte

A figura é aquela mesmo: uma forma humana vestida com uma túnica preta, que paira, rodopia no ar em torno de cada um de nós. Acompanha-nos sempre. O que muda é a distância entre nós e ela num determinado momento. Há vezes que está longe e nem faz parte de nossas preocupações cotidianas. Em outras, chega muito próximo, numa velocidade espantosa. Há ainda situações em que passa a conviver (a morte é irônica!) mais próxima de nós, tornando-se mais real e aparente à nossa percepção do mundo.

- Por que estás tão próxima de mim? – perguntamos, sem receber resposta. A morte não tem nada a nos dizer. Ela simplesmente ceifa a vida num instante qualquer. A morte se alimenta da vida como nos alimentamos de bois.

Antiga, deve ficar curiosa com os esforços do homem contra ela.
- Por que tentar evitar o inevitável?, perguntaria caso filosofasse. Mas, não; fica ali rondando pacientemente até o momento mais apropriado para o golpe de foice.

A única maneira de combater a morte é tirar seu alimento, que, aliás, já vem perdendo qualidade há algum tempo. A morte não é boa nem má. Indesejada, mas astuta, tempera a vida antes de comê-la.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

De volta de Porto Seguro

Trancoso ainda é a melhor praia de Porto Seguro. O astral de paz daquele lugar é insuperável. Lá, revi a estrutura do que foi um trapiche, que fotografei em 1996. Os troncos superiores caíram. Revi também os coqueiros com raízes aparentes que me chamaram a atenção naquela época.



Em Arraial da Ajuda, a lagoa da lama medicinal secou. Restam as falésias que enfeitam a praia e a vila com boa estrutura de lojas, pousadas e restaurantes. Tem também o divertido parque aquático de novidade, onde passamos parte de um dia – programa para o filhote principalmente.


Ficamos em um hotel próximo à praia de Coroa Vermelha. Nesta, a maré baixa mostra uma extensa faixa de areia que leva até a barreira de corais a uns 100 metros mar adentro. Bonita, também tem coqueiros com raízes expostas na areia.

Fomos conhecer a badalada e privê Praia do Espelho, em Caraívas. Longe, bonita e cara. Não há como escapar dos preços altos (um peixinho frito pequeno sai por R$ 80,00) porque a estrutura é mínima – um ou dois restaurantes em toda a extensão das praias. No caminho, indiozinhos abraçados a bichos-preguiça.

O centro da cidade estava muito movimentado, afinal o carnaval lá dura de sábado a sexta-feira. Trios elétricos estacionados de dia e afinando instrumentos no início da noite. Mas não curtimos o carnaval nem no centro nem nas barracas mais badaladas atualmente (Toa-toa, Axé Moi e Barramares). Nossos programas foram praias durante o dia e passeios no centro à noite.
Achei muito poluído visualmente o centro por causa das barracas de vendedores em frente às lojas instaladas nas casinhas antigas e coloridas, estas, sim, atrações interessantes. Também há muito lixo acumulado nas imediações das barracas mais movimentadas – uma pena.
Mas o astral das praias, a água de temperatura agradável e transparente do mar, o centro histórico e suas casas coloridas, o atendimento ágil nos restaurantes (exceto nos fins de semana) garantem diversão e alegria para quem visita aquela cidade.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

De volta a Porto Seguro (2)

Na revista da polícia, na entrada de Porto Seguro (em Eunápolis, para ser mais preciso), o policial levou um susto ao abrir o porta malas do Uno. Estava abarrotado de coisas. – Esses carros de campistas são os mais complicados de se revistar, disse o guarda.

O valente Uno teve a bateria avariada assim que chegamos a Porto Seguro. Tivemos que perder uma tarde (a única vez que choveu enquanto estivemos lá) para o concerto em Eunápolis. Na hora de lavar o carro, o menino encontrou nossa arma escondida embaixo do carpete do carona: uma faca dessas de serrinha, usada corriqueiramente em mesas familiares. Riu. Certamente lembrou das peixeiras usadas pelos pescadores, bem mais eficientes para o corte da comida ou para dilacerar desafetos.

Não tivemos que usar nossa faca nem para um nem para outro caso.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Trilha sonora para uma semana viajandona

Pink Floyd (os primeiros discos), Brian Eno, Pat Metheny (One Quiet Night ou Offramp), Kraftwerk (Radio Activity) e Portishhead (Dummy).

De volta a Porto Seguro

A primeira vez que fui a Porto Seguro foi uma das viagens mais legais que já fiz. Fomos de carro, eu e minha mulher. Se é que se pode chamar de carro um Fiat Uno, 1992, de quatro marchas. Fomos acampar. Levamos quatro dias para chegar e aproveitamos toda a semana de carnaval. Foi a primeira e única vez que vi Ivete Sangalo ao vivo - no trio elétrico da Banda Eva. Isso foi em 1996. Às vésperas de retornar àquele lugar lindo, relembro lances dessa aventura fantástica.

Decidimos de repente empreender a viagem visitamos parentes em Porto Alegre e partimos, no sábado de carnaval, munidos de espírito de aventura, mapas e guias. Fizemos a viagem de ida em quatro etapas, com paradas em uma pousada em Peruíbe (SP), num hotel de Volta Redonda (RJ), e num hotel de posto de beira de estrada em Vitória. Só fomos revistados pela polícia na chegada de Porto Seguro.

Dessa ida, ficaram marcadas as imagens de Cubatão e seus imensos dutos morro acima, as pontes da rodovia dos imigrantes, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) em Volta redonda, as ruínas em São Mateus (ES) e a terceira ponte entre Vitória e Vila Velha. Seguem algumas imagens que eu achei capturadas na época.








CSN em Volta Redonda






Hotel de beira de estrada em Vitória




Ruinas em São Mateus (ES)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Trilha sonora para uma semana raivosa

The Trashmen, The Cramps, PIL (Flowers of romance), My Bloody Valentine e Sonic Youth.

Sonhei com você

Esta noite sonhei com você um sonho bom. Estávamos em Rivera, cidade uruguaia vizinha à brasileira Sant’Ana do Livramento, onde nasci e morei até os 18 anos. Meus sonhos têm sido assim: misturam épocas, lugares e pessoas que fazem parte da minha vida. Sonhos pós-modernos.

Começamos a noite em um bar, só nós dois. Conversamos, bebemos e acompanhamos o movimento das pessoas. Depois fomos a um restaurante para jantar. Conversamos mais e sentimos que a noite não acabaria por aí. Partimos, então, para um motel e fizemos aquelas coisas que se fazem em motéis. Foi bom: calmo, sem pressa e sem tensão. A noite acabou sem compromissos firmados, pelo menos foi o que eu senti.

No dia seguinte, fui encontrar com amigos. Contei, obviamente, o que acontecera entre nós. Eles não te conhecem bem. Por isso o papo girou em torno das coisas que vivemos, eu e eles, em outras épocas. Ficamos conversando por horas, acompanhados de petiscos e cerveja; fazia tempo que não nos encontrávamos.

Em meio às estórias, por vezes, lembrava de você, da noite anterior... Ao despedir-me dos companheiros, já muito alegre de cerveja, decidi que me encontraria novamente com você. E explicaria que tinha gostado muito de estar com você, mas que não me sentia ainda pronto para assumir um relacionamento mais sério e constante. Quem sabe depois de mais uns encontros o carinho que senti naquela noite se transformasse em outra coisa. Afinal, assumir compromissos sérios depois de apenas um encontro envolve riscos de descontentamento posterior. Será que você entende?

Daí, o sonho acabou.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Versos satânicos

Acabei de ler o livro do Salman Rushdie, um daqueles cuja leitura a gente vai adiando... Soube da existência desse livro na época do lançamento dele, em 1989. Isso por causa da polêmica que gerou no mundo islâmico. O aiatolá Khomeini condenou o escritor à morte por ofensas ao Islão, o que obrigou Rushdie a viver no anonimato durante vários anos.

As discussões na minha turma de colegas universitários giravam em torno do absurdo de se condenar um escritor à morte por causa de sua obra, da teocracia no Irã e da liberdade de criar. Mas ler o livro que é bom, quase nenhum dos debatedores lera. Eu não li na época por falta de interesse. Achei que o livro não era tão interessante quanto as discussões de bar que gerava.

Pois bem. No ano passado, encontrei o Versos Satânicos na coleção de bolso da L&PM e comprei. E não é que o livro é bom! Mistura realidade e fantasia, discutindo a luta entre o bem e o mal. Apesar de ser situada na Índia e na Inglaterra, a história traz temas que são universais: a religião, a política, o poder, os relacionamentos. A tendência do escritor nessa obra é apontar a predominância do mal sobre o bem, em todas as questões abordadas.

Não é um livro com final feliz. Também não é um livro fácil de ler. Exige atenção e leitura sistemática para que não se percam as relações entre os personagens e entre a realidade e a fantasia. Mas é um livro que faz pensar, imaginar. Fiquei com vontade de ler outras coisas do Rushdie. Quem sabe, um dia desses...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Chuva nos pampas

As nuvens vêm numa camada cinzenta, ao longe, das bandas do Uruguai, prenunciando a chuva. O céu azul ainda predomina e traz uma sensação de regozijo, de que está tudo bem. Mas aquelas nuvens que se aproximam são um sinal de que as coisas podem mudar de uma hora para outra.

Então a chuva chega. O azul dá lugar ao cinza, que cobre toda a imensidão das coxilhas. A melancolia dos dias chuvosos invade a alma. Será que isso não terá mais fim?

O olhar procura uma saída através das gotas que salpicam os vidros do ônibus. Só depois de algum tempo começam a delinear-se nuvens e tonalidades que fogem à camada cinzenta da tempestade. Sim, nova mudança prenuncia caminhos de céu azul, ainda que demorem a chegar.

E a viagem continua.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Das praia - Paciência 2

A quantidade de gente no litoral é um teste para a paciência dos clientes de bares que atendem na praia. Outro dia fiquei guardando uma mesa de bar na areia a espera de cadeiras, que já haviam sido solicitadas duas vezes. Para minha surpresa, apareceu um garçom com um cliente e levou minha mesa e o guarda sol. Argumentei que estava guardando a mesa e fui solenemente ignorado.

Não frequento esse bar (Coisas do Chico, shopping Russi & Russi, na Meia Praia) nunca mais.

Das praia - Delícias do verão 2

A paella que minha mulher fez pela primeira vez e acertou em cheio nos ingredientes e no tempero.