terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ducha de realidade

Passei o fim de semana na praia e tive bastante tempo para pensar na vida enquanto me balançava na rede, após o almoço. Estou intrigado com minha falta de forças. Logo eu que me movimentava todos os dias, com academia, aulas, reuniões no sindicato em Floripa, coordenação de curso, doutorado...

Talvez fosse coisa demais para uma natureza mais frágil do que eu considerava que fosse a minha. De qualquer forma, é complicado perceber que, de uma hora para outra, você perdeu 80% da energia que tinha e que, hoje, passear até a esquina com a cadela é um exercício e tanto.

Paciência, fé, paz e amor. São as práticas que me sustentam hoje. Aos poucos, vou recuperando o peso. Com isso, aumento minha fé. A paz é procurada a todo o momento em que um ou outro pensamento ruim invade minha mente. O amor é da família, dos amigos, dos companheiros de jornada.

Devo acabar o tratamento no início de outubro. Até lá, já quero ter dado umas pedaladas com meu filho e minha mulher. Recomeço com as caminhadas com a cadela, com os cuidados da casa e com a cozinha. Não é pouca coisa, ainda mais se considerarmos que são atividades diárias.

Mas é isso mesmo. O pensamento não deve avançar muito no tempo nas condições atuais. O mais importante é pensar em cada dia que se vive, como venho afirmando e praticando. E aproveitar o melhor que ele tiver a oferecer.

“Vai, Laerte, e gasta como souberes os talentos que tens” (Hamlet)

Versos íntimos

Outra leitura que pode abalar uma pessoa é a do poema Versos íntimos, de Augusto dos Anjos. Aquele que começa assim:

Vês?!
Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

E daí continua para um mergulho profundo na mágoa e na impossibilidade de relacionamento entre os homens. Devia se chamar Versos terríveis. É outro texto que me dá um medinho.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

As tais leituras precoces

Costumo dizer que minha formação se deu mais pela literatura do que pela TV, se bem que não consigo avaliar direito o efeito de assistir a programas de televisão desde a infância. O fato é que na adolescência comecei a tomar gosto pela leitura e não parei mais. Algumas dessas leituras, no entanto, deveriam ter sido orientadas para a cabeça de um jovem cheio de curiosidade e sedento de experiências físicas e intelectuais. Sem querer simplificar romances e poesias, comento alguns textos desses que podem se tornar prejudiciais para a formação de um intelecto juvenil.

O primeiro que me vem à cabeça é o Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Um jovem bonito é pintado por um amigo e deseja que o quadro envelheça enquanto ele, o modelo, permanece jovem e bonito para toda a eternidade. É uma idéia forte e atual, já que se perde muito tempo e dinheiro tentando retardar a ação do tempo, preocupados que estamos em ter uma aparência saudável e adequada aos padrões de beleza vigentes. Mas, se mal interpretado, pode estimular essa busca desenfreada por beleza e saúde acima de quaisquer outras atividades. Quando isso vira obsessão, começa a ser prejudicial na vida de uma pessoa.

Cuidado com esse livro!

sábado, 15 de agosto de 2009

Felicidade

Recebi várias homenagens de alunos do IBES ontem, dia do meu aniversário. Fiquei muito, mas muito feliz. Foi uma verdadeira descarga de carinho e força para continuar na batalha pela recuperação da saúde. Recebi parabéns por telefone de uma turma inteira. Alguns alunos vieram até meu apartamento entregar cartões, presentes e um varal com recados.

Também fiquei feliz com as notícias de que os alunos estão ocupando os postos de trabalho em Jornalismo na cidade e na região. O curso foi reconhecido com nota 5.0 e isso me deixou bastante tranqüilo em relação ao trabalho feito para esse reconhecimento e em relação à qualidade do ensino repassado para os alunos.

Enfim, só boas notícias.

Mas a melhor de todas foi justamente o carinho dos alunos e dos colegas professores. Foi o melhor presente que recebi num aniversário.

Muito obrigado, querid@s. Amo vocês e estarei sempre na torcida pela realização de todos os seus sonhos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Mudando valores

Desde que comecei a pensar mais seriamente sobre a vida, lá na adolescência, adotei uma maneira de ver as coisas que consistia em considerar a existência como uma série de fases boas e más intercaladas. Não sei bem porquê. Talvez por leituras precoces mal orientadas (qualquer dia falo mais disso), talvez por temperamento, sei lá. O que importa é que, mesmo nas fases boas – e elas foram maioria -, eu estava preparado para que algo não tão bom acontecesse.
Na profissão de jornalista, traduzi essa postura para uma certa desconfiança sobre as coisas e sobre as fontes. Pois bem. Escrevo para renegar essa postura sobre a vida.

O pessimismo e o ceticismo não combinam com uma vida plena de possibilidades positivas. Temos hoje tantas oportunidades de experiências, de convivências e de práticas riquíssimas em termos de relacionamento humano que não há lugar para pessimismo. Devemos aproveitar todas essas oportunidades para fazer da vida algo rico e saudável acima de tudo. A postura correta diante da vida é a do otimismo, do carinho, da amizade, do amor e da entrega ao outro – no sentido de mostrar-se plenamente. Não se deve ter receio de viver.

Como defende o Michel, da sei-cho-no-ie, a atitude positiva atrai a vida positiva, bela, feliz e descontraída. Então, é assim que deve ser.

Felicidades para todos.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Hoje

Na claridade da manhã
Em meu escritório ocioso
Contemplo o céu e as árvores
E traço planos
Para a vida de hoje

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Diário de papel

Ganhei da minha mulher um desses livros de escrever que vem com poesias e algumas sugestões de temas para textos. Gostei muito porque sou fascinado por papel e caneta. Comecei hoje mesmo a escrever o diário de papel.

Meu filho mais uma vez me surpreendeu com um texto dele, dedicatória no livro. Segue um trecho, com a gramática corrigida apenas:

"Meu pai é um amigo e tanto. A gente não conhece ninguém mais que um pai na vida, um amigo daqueles que não tem medo, só dá coragem. É o amor que entra em ação e faz o seu dever que é dar vida à pessoa e dá a certeza e nunca falha".

Minha mulher completou: "Que este livro seja construído com as alegrias e verdades que a vida, a partir de agora, vai nos mostrando".

Lindos os dois. Amo minha família.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Dando o ar da graça

Pois é, estive afstado do blog. Foi por causa do tratamento, que chegou numa fase cansativa. Perdi o apetite e mais três quilos. Mas já estou me recuperando. Esta semana, não fiz a quimioterapia, recuperei o paladar e estou me alimentando melhor. A disposição está voltando aos poucos.

Daqui a pouco tem post novo.