sábado, 27 de fevereiro de 2010

A morte

A figura é aquela mesmo: uma forma humana vestida com uma túnica preta, que paira, rodopia no ar em torno de cada um de nós. Acompanha-nos sempre. O que muda é a distância entre nós e ela num determinado momento. Há vezes que está longe e nem faz parte de nossas preocupações cotidianas. Em outras, chega muito próximo, numa velocidade espantosa. Há ainda situações em que passa a conviver (a morte é irônica!) mais próxima de nós, tornando-se mais real e aparente à nossa percepção do mundo.

- Por que estás tão próxima de mim? – perguntamos, sem receber resposta. A morte não tem nada a nos dizer. Ela simplesmente ceifa a vida num instante qualquer. A morte se alimenta da vida como nos alimentamos de bois.

Antiga, deve ficar curiosa com os esforços do homem contra ela.
- Por que tentar evitar o inevitável?, perguntaria caso filosofasse. Mas, não; fica ali rondando pacientemente até o momento mais apropriado para o golpe de foice.

A única maneira de combater a morte é tirar seu alimento, que, aliás, já vem perdendo qualidade há algum tempo. A morte não é boa nem má. Indesejada, mas astuta, tempera a vida antes de comê-la.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

De volta de Porto Seguro

Trancoso ainda é a melhor praia de Porto Seguro. O astral de paz daquele lugar é insuperável. Lá, revi a estrutura do que foi um trapiche, que fotografei em 1996. Os troncos superiores caíram. Revi também os coqueiros com raízes aparentes que me chamaram a atenção naquela época.



Em Arraial da Ajuda, a lagoa da lama medicinal secou. Restam as falésias que enfeitam a praia e a vila com boa estrutura de lojas, pousadas e restaurantes. Tem também o divertido parque aquático de novidade, onde passamos parte de um dia – programa para o filhote principalmente.


Ficamos em um hotel próximo à praia de Coroa Vermelha. Nesta, a maré baixa mostra uma extensa faixa de areia que leva até a barreira de corais a uns 100 metros mar adentro. Bonita, também tem coqueiros com raízes expostas na areia.

Fomos conhecer a badalada e privê Praia do Espelho, em Caraívas. Longe, bonita e cara. Não há como escapar dos preços altos (um peixinho frito pequeno sai por R$ 80,00) porque a estrutura é mínima – um ou dois restaurantes em toda a extensão das praias. No caminho, indiozinhos abraçados a bichos-preguiça.

O centro da cidade estava muito movimentado, afinal o carnaval lá dura de sábado a sexta-feira. Trios elétricos estacionados de dia e afinando instrumentos no início da noite. Mas não curtimos o carnaval nem no centro nem nas barracas mais badaladas atualmente (Toa-toa, Axé Moi e Barramares). Nossos programas foram praias durante o dia e passeios no centro à noite.
Achei muito poluído visualmente o centro por causa das barracas de vendedores em frente às lojas instaladas nas casinhas antigas e coloridas, estas, sim, atrações interessantes. Também há muito lixo acumulado nas imediações das barracas mais movimentadas – uma pena.
Mas o astral das praias, a água de temperatura agradável e transparente do mar, o centro histórico e suas casas coloridas, o atendimento ágil nos restaurantes (exceto nos fins de semana) garantem diversão e alegria para quem visita aquela cidade.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

De volta a Porto Seguro (2)

Na revista da polícia, na entrada de Porto Seguro (em Eunápolis, para ser mais preciso), o policial levou um susto ao abrir o porta malas do Uno. Estava abarrotado de coisas. – Esses carros de campistas são os mais complicados de se revistar, disse o guarda.

O valente Uno teve a bateria avariada assim que chegamos a Porto Seguro. Tivemos que perder uma tarde (a única vez que choveu enquanto estivemos lá) para o concerto em Eunápolis. Na hora de lavar o carro, o menino encontrou nossa arma escondida embaixo do carpete do carona: uma faca dessas de serrinha, usada corriqueiramente em mesas familiares. Riu. Certamente lembrou das peixeiras usadas pelos pescadores, bem mais eficientes para o corte da comida ou para dilacerar desafetos.

Não tivemos que usar nossa faca nem para um nem para outro caso.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Trilha sonora para uma semana viajandona

Pink Floyd (os primeiros discos), Brian Eno, Pat Metheny (One Quiet Night ou Offramp), Kraftwerk (Radio Activity) e Portishhead (Dummy).

De volta a Porto Seguro

A primeira vez que fui a Porto Seguro foi uma das viagens mais legais que já fiz. Fomos de carro, eu e minha mulher. Se é que se pode chamar de carro um Fiat Uno, 1992, de quatro marchas. Fomos acampar. Levamos quatro dias para chegar e aproveitamos toda a semana de carnaval. Foi a primeira e única vez que vi Ivete Sangalo ao vivo - no trio elétrico da Banda Eva. Isso foi em 1996. Às vésperas de retornar àquele lugar lindo, relembro lances dessa aventura fantástica.

Decidimos de repente empreender a viagem visitamos parentes em Porto Alegre e partimos, no sábado de carnaval, munidos de espírito de aventura, mapas e guias. Fizemos a viagem de ida em quatro etapas, com paradas em uma pousada em Peruíbe (SP), num hotel de Volta Redonda (RJ), e num hotel de posto de beira de estrada em Vitória. Só fomos revistados pela polícia na chegada de Porto Seguro.

Dessa ida, ficaram marcadas as imagens de Cubatão e seus imensos dutos morro acima, as pontes da rodovia dos imigrantes, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) em Volta redonda, as ruínas em São Mateus (ES) e a terceira ponte entre Vitória e Vila Velha. Seguem algumas imagens que eu achei capturadas na época.








CSN em Volta Redonda






Hotel de beira de estrada em Vitória




Ruinas em São Mateus (ES)