quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Educação sentimental pelos animais

Fiquei impressionado de constatar o quanto as conversas sobre animais, principalmente cães, ocuparam o tempo de papos enquanto estive em Livramento. As atitudes, manias e trabalhos que os cães têm e dão a seus donos foram assuntos recorrentes em ambientes tão diversos quanto a casa dos meus pais e a visita a um primo que não via há anos. E olha que havia o que falar: meu pai tem câncer e meu primo se aproxima dos 50 anos.

Estamos sendo colonizados sentimentalmente pelos nossos bichos de estimação. Além de ocuparem um espaço e um tempo cada vez maiores na vida das pessoas, os animaizinhos estão tomando conta do nosso universo sentimental. Parece que os assuntos que envolvem as pessoas já ficaram chatos e repetitivos. O negócio agora é proteger, amar e comentar com os outros nossas aventuras com os animais. Como os ambientes estão cada vez menores e os espaços públicos para os bichos ainda apresentam uma série de restrições, essas aventuras se dão mais na esfera afetiva do que na física - passeios, correrias e outras coisas que eram comuns de se fazer com animais quando eu era criança e as casas tinham pátios.

A adoção de uma cadela para o meu filho foi motivada em parte por causa dessa educação sentimental pelos animais. Como não pretendemos ter outro filho, adotamos uma cadela para que o menino se exercitasse afetivamente. E deu certo. Ele adora a cadela, que ainda veio com seis filhotinhos de brinde. Ele os viu nascerem, crescerem um pouco e serem dados a outras pessoas. Sofreu particularmente quando o mais escurinho, seu preferido, foi adotado por uma pessoa desconhecida. Outro dia, disse que ficava triste ao pensar como teria sido a vida da cadela na rua antes de ser adotada por nós.

Nossa cadela é vira-lata, mas desperta sentimentos nobres no meu filho, como a compaixão e a solidariedade. Ele gosta dela incondicionalmente. Penso que temos muito o que aprender sobre nós mesmos com o convívio com os animais, desde que estejamos dispostos a isso.

Mas não devemos esquecer as pessoas...

Um comentário:

Monique Becker disse...

Eles nos transformam e nos ensinam a amá-los loucamente. Despertam os melhores sentimentos, e fazem das crianças , adultos melhores.

Concordo que eles são os assuntos principais das conversas, e acredito que seja exatamente porque não existe nada mais comovente do que o olhar sincero dessas criaturinhas!