quarta-feira, 24 de junho de 2009

Capítulo 1: O anjo da guarda - parte 1

A casa era antiga e enorme. Dessas que parecem guardar mistérios em seus recantos e abrigar fantasmas de um passado longínquo, almas que viveram, sofreram, mataram e morreram e que insistem em trazer essas desventuras para os que hoje vivem no mundo. Vista de frente, era cinza, com uma porta e três janelas de cada lado desta, com pequenas sacadas ao nível da calçada. A porta principal abria-se em duas folhas, dupla, enorme, e dava para um hall. À esquerda e à direita, os quartos da dona da casa, a avó do menino, e o do filho mais moço dela, o pai, João. Foi neste quarto à esquerda que Guilherme passou seus primeiros dias de vida, enrolado com os braços presos ao corpo por uma espécie de atadura, como recomendava o costume de tratar de bebês à época. Deve ter vindo daí a claustrofobia e o medo, que o menino conservou pela vida afora, de acordar dentro do caixão de defunto, sem luz, sem espaço para mexer os braços e sem a possibilidade de ser ouvido ao gritar por socorro.

3 comentários:

Tiago Ribeiro disse...

Opa!

Marina Melz disse...

Riqueza de descrição de cinema.

Anônimo disse...

A descrição está realmente boa, apesar de não terem acontecido fabulações de sua parte.

Talvez você tenha usado esse recuso para transmitir dureza, realidade crua.