sábado, 13 de dezembro de 2008

A cidade volta ao normal

O apresentador do telejornal anuncia uma morte de motociclista depois de 25 dias sem esse tipo de ocorrência em Blumenau. Minha mulher comenta à mesa do almoço:
- É, a cidade está voltando ao normal.

Pois é. A cidade normal é feita por seus habitantes e seus mandatários. Acho que toda essa tragédia deve servir de ponto de partida para uma mudança na maneira de olhar e construír a cidade que vivemos.

O ponto mais urgente é a ocupação do solo. Esta cidade está situada num vale e seu território está ou sujeito a enchentes ou, vimos agora, a desabamentos de morros. A dimensão do que occoreu é mais grave por causa da presença de casas e de pessoas nas regiões atingidas. Se fosse só a mudança na geografia dos morros e nos cursos dos ribeirões as conseqüências não seriam tão significativas. A natureza tem sua dinâmica e está em permanente mudança.

Seria interessante ver também se as áreas mais habitadas e ocupadas foram maioria entre as atingidas. Em caso positivo, isso significaria que a integração entre o homem e a natureza não consegue ser tão harmoniosa quanto defendem alguns ecologistas. Qualquer mudança no ambiente natural (e já tivemos uma exploração de madeira que modificou muito o perfil ecológico da região) pode alterar a dinâmica própria da natureza. O resultado disso não somos capazes de calcular, só experimentando.

Não sei qual é a solução. Entendo, apenas, que devemos ter uma visão mais clara sobre os riscos da ocupação desordenada do solo. Não é mais possível jogar pessoas pobres para as encostas íngremes e perigosas. Também não é aconselhável permitir a construção de casarões pendurados em morros que oferecem risco de atingir seus moradores e outras pessoas.

É uma questão de mudar o ponto de vista. Ninguém deve ter tão pouco que seja obrigado a viver em constante risco. E quem tiver muito não pode escolher viver em risco. A cidade já é perigosa do jeito que a fizemos. Agora é hora de diminuir esses riscos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo, professor.
Não acho que podemos dizer de quem é a culpa disso tudo. Ou se ninguém tem culpa.
Me preocupa agora é onde as pessoas vão morar daqui pra frente...

Aninha disse...

ótimo Fernando, é isso mesmo, agora é mais do que hora, para mudar nosso ponto de vista. Não seria justo que as coisas voltassem "completamente" ao normal, não é?

Abraços!