terça-feira, 31 de março de 2009

Bukowski, então...


A pedidos do Tiago/Conversos, segue um trecho de um livro do Bukowski, que li muito na parte da minha juventude mais voltada a uma atitude punk com a vida. Tenho ainda três deles: Fabulário geral do delírio cotidiano, Notas de um velho safado e Crônica de um amor louco. Para quem não sabe, Charles Bukowski é um poeta e escritor desses outsiders, marginais. Seus contos se referem ao submundo norte-americano, sempre regados a muito álcool, palavrões, sexo e um certo desespero com a falência do sonho americano.
O trecho que copio abaixo é do primeiro conto do Crônica e se chama "A mais linda mulher da cidade".

"Bebi até a hora de fechar. Cass, a mais bela das 5 irmãs, a mais linda mulher da cidade. Consegui ir dirigindo até onde morava. Não parava de pensar. Deveria ter insistido para que ficasse comigo em vez de aceitar aquele não. Todo o seu jeito era de quem gostava de mim. Eu é que simplesmente tinha bancado o durão, decerto por preguiça, por ser desligado demais. Merecia a minha morte e a dela. Era um cão. Não, para que pôr a culpa nos cães? Levantei, encontrei uma garrafa de vinho e bebi quase inteira. Cass, a garora mais linda da cidade, morta aos vinte anos.
Lá fora, na rua, alguém buzinou dentro de um carro. Uma buzina fortíssima, insistente. Bati a garrafa com força e gritei:
- Merda~Pára com isso, seu filho da puta!
A noite foi ficando cada vez mais escura e eu não podia fazer mais nada."

Um conselho para eventuais novos leitores do velho Buk. Não tente fazer as coisas que ele fez em vida, a não ser escrever de forma lírica e poética. Este conselho está escrito no túmulo dele, que morreu em 94, de leucemia, com 73 anos: Don't try.

Um comentário:

Tiago Ribeiro disse...

Um senhorzinho direto nas palavras.

A última leitura que tive dele foi em Hollywood. O poesia suja permanece, mas não indico como primeira leitura a se fazer de Bukowski pelo desenrolar da história pouco empolgante.

Vale a poesia, isso vale.