Entardecer, intervalo sutil e impreciso entre a tarde e a noite. No campo, o sol já se põe, mas persiste um rastro de luz que deixa ver na paisagem sinais do dia que se acaba. O peão soltou o último cavalo, que se afasta pelo pasto. Os cães se acomodam nos cantos com as línguas de fora. O pássaro diurno se recolhe ao ninho e o primeiro tatu ainda não saiu da toca.
É quando, por segundos, tudo pára e a terra suspira. Não se ouve nada nem nada se mexe. A paisagem toda inspira o que o dia trouxe de novidade, segura um pouco a respiração e, então, expira, oxigenando-se para a noite. O campo, a mata, o riacho, os animais ficam sustados.
Esta é mais ou menos a sensação que tinha quando estava em campanha, sentado em frente à casa centenária, depois de um dia de diversões que incluía passeios a cavalo, pescaria e banhos de riacho. Sensação que reencontrei nos versos de Cobra Norato, de Raul Bopp:
Dissolvem-se rumores distantes
num fundo de floresta anônima
Sinto bater em cadência
a pulsação da terra
Silêncios imensos se respondem...
Um comentário:
Gostei da relação - direta ou indireta - com Gaia: 'É quando, por segundos, tudo pára e a terra suspira.'
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