quarta-feira, 22 de julho de 2009

Coisas de gaúcho II – Chimarrão


Tai uma coisa difícil de ser compreendida para quem não é gaúcho, argentino ou uruguaio: o tal chimarrão. As pessoas acham difícil entender como alguém pode tomar um chá desses, com a erva do lado e água quente, com tanto gosto e ainda falar em tradição, amizade e história. Acontece que chimarrão é muito mais do que um chá da manhã ou da tarde.

Vi um filme, argentino se não me engano, em que a última cena era uma senhora, com rugas no rosto e a expressão de muita vivência, tomando chimarrão, só e calmamente. Quase fui às lágrimas com a cena – coisa que só poderia acontecer com quem traz o chimarrão como hábito desde a infância. Naquela cena estavam as lembranças da senhora sendo refletidas com a companhia do chimarrão. Imagine quantos pensamentos já não foram acompanhados por esse ritual na vida daquela senhora e de todos os que têm no chimarrão uma companhia, um chá que desperta a mente ou um pretexto para uma reunião de pessoas.

Um tio meu tem uma roda de chimarrão diária em casa, onde comparecem amigos para uma espécie de happy hour e atualização dos acontecimentos dos dias. Seja como pretexto para reunião, seja como uma prece matinal, seja como um resumo do dia ao final da tarde, o chimarrão é companhia de vida, de reflexão e de tradição.

“E dá barato, sim”, como diz Nei Lisboa. Um chimarrão pela manhã desperta a mente e ainda é um ótimo regulador intestinal. No final do dia, acompanha aquele suspiro da terra antes da entrada na noite, melhor percebido no campo aberto. Tá servido?

4 comentários:

Adriana disse...

VOu comorar uma cuia agora mesmo!!! Visto desta maneira como você descreveu, tomar chimarrão é mito mais do que eu imaginava! Abração Arteche!!

Marina Melz disse...

Taí uma tradição de família que eu quero passar pros meus filhos, se um dia eu tiver um deles. As reuniões de família em torno de uma cuia acontecem sem querer, sem pressão e com um gosto bem melhor.

Fábio Ricardo disse...

respeito o chimarrão pelo seu contexto social, aproximador. é a velha máxima de que "nunca fiz amigos bebendo leite".

mas ainda prefiro a cervejinha, ou até o café, para realizar o mesmo feito.

Anônimo disse...

Já compartilhamos uma matteada, não?