sexta-feira, 3 de julho de 2009

Literatura e vida

O capítulo encerrado no post anterior saiu de uma vez só, em mais ou menos 30 minutos de escrita. Ficou mais fácil porque é uma mistura de memória e de ficção. Isso é bem típico de escritores inexperientes, acredito, se bem que os romances de formação possam ter muito de biografia do autor. Veja-se, por exemplo, Encontro Marcado, de Fernando Sabino.

Vou continuar a escrever os próximos capítulos, mas não sei como será o rendimento, nem me preocupa isso. Tenho um hábito de escrita: as idéias vêm à cabeça em vários momentos do dia e vão se juntando, se amontoando, se batendo umas nas outras, durante vários dias. Quando sinto que o caldeirão já está transbordando, organizo no papel ou na tela do computador. Isso serve para poesia (quando escrevia), para artigos científicos e, agora, para a ficção.

Agradeço os comparativos dos comentários. Com o Érico Veríssimo tenho a origem gaúcha e as paisagens da campanha em comum. Com o Gabo Marquez, o misticismo, que deve aparecer em várias passagens do livro. Mas como nenhum deles pretendo ter o talento de escritor.
As descrições e os detalhamentos são parte de uma tradição literária. Dêem uma olhada em Em Busca do Tempo Perdido (livro 1 - No caminho de Swan), de Proust, e lá estará uma igreja descrita em detalhes que somam quase uma dezena de páginas.

A linguagem do meu texto ainda não está definida e deve ser diferente em cada fase da vida do menino Guilherme, contribuindo para definir um clima geral do que foi vivido e sentido por ele em momentos específicos.

Por fim, o que escrevi não corresponde necessariamente ao estado de espírito em que me encontro. Um primeiro capítulo tem que ser chamativo e dar vontade de continuar a ler o romance. Essa foi minha intenção com esse rascunho. Se depender somente do meu estado de espírito, já posso adiantar que essa história toda terá um final feliz, ao contrário do seu início.

Por fim, agradeço a todos que têm enviado mensagens e depoimentos de saúde, paz, sabedoria, entusiasmo, amor e felicidade. Todas estão sendo muito bem recebidas e contribuindo imensamente para o meu bem-estar geral. Melhor do que ter leitores é ter amigos.

3 comentários:

Marina Melz disse...

Hoje, num horário que nãos e pode lá chamar de cedinho, passei por frente do teu prédio, ouvindo um samba ritmado. De repente te vi, andando tranquilamente como sempre acontecia há mais de meio ano. Sorri tão grande que quase bati o carro. E se tivesse batido, não conseguiria conter o sorriso mesmo assim.

Anônimo disse...

Perfeito, mano.

Acredito que não existam meios tão eficientes como a literatura que nos permitam dar formas às ideias que duelam dentro de nossa cabeça.

Escrever é a cada momento abandonar o que existe dentro de nós. Mandar para o espaço ideias que gritam a necessidade de serem compartilhadas.

Pessoa tem uma citação que acredito fielmente: "A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta."

E realmente não basta. Precisamos poetizar, criar mundos para podermos pisar. Seja de verdade ou não.

Adriana disse...

Eu também te vi Arteche, semana passada numa linda tarde ensolarada, te vi por uma fração de segundo. Estavas atravessando a ponte, em direção à Fundação cultural. Eram 16h30min e caminhavas tranquilamente, um agasalho dobrado no braço. No momento em que te vislumbrei, estavas coberto de sol, com aquele verde ao fundo, das árvores do Grande Hotel. Não deu tempo de businar nem acenar, a sinaleira já estava aberta, mas fiquei muito feliz de te ver passeando naquela tarde tão bela!

Carpe Dien!

Abraço GRANDE!!!